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É preciso piorar para melhorar?


mulher se abraçando, amor próprio

Sempre recomendo aos leitores buscar o caminho do autoconhecimento para ir ao encontro de sua evolução em todos os âmbitos de sua vida, inclusive daquela que considero o ápice dessa busca: a evolução espiritual. Mas nunca afirmei que alcançar tal meta fosse fácil. É muito mais fácil repousar numa suposta zona de conforto, na qual não é necessário olhar para si mesmo, já que o caminho para o autoconhecimento não costuma ter volta. Quem começa a trilhar essa aventura sabe que irá encontrar o tesouro mais valioso: a paz de espírito.


Na década de 2000, porém, tornou-se moda associar essa busca à ideia do sucesso material. Filmes e livros — como “O segredo”, de Rhonda Byrne — agitaram o imaginário daqueles que buscavam a felicidade plena num mundo tão injusto e competitivo. Diante da promessa de conseguir SER, TER e FAZER o que quisessem, milhares de pessoas buscaram aprender técnicas que lhes trariam como resultado uma vida próspera em todos os sentidos. É tentador pensar que, diante de tanta dificuldade que a vida apresenta, seja possível alcançar tal façanha.


Era como a lenda de El Dorado, cidade sul-americana coberta de pedras preciosas. O boato de que pudesse existir esse lugar se espalhou ao longo dos séculos e atraiu vários exploradores em busca de riquezas. É quase certo que nunca existiu uma cidade coberta de ouro na América do Sul. Mas a simples possibilidade de haver algo parecido com El Dorado mexeu com a imaginação de aventureiros por quase 500 anos. O grande questionamento que se pode fazer é: “E o que vem depois? Será que encontraríamos a tal felicidade?”.


O Mestre de Nazaré, em uma de suas magníficas metáforas (Mateus 7: 13-14), afirma que essa busca ilusória é a escolha pela “porta larga”, o que significa optar pelo caminho mais fácil e óbvio: o de cultivar apenas o materialismo, aquilo que nossos olhos veem e que nos traz prazer momentâneo. Tal caminho é sempre proposto pela Mente, tendo em vista que ela não quer enfrentar seus defeitos. Além disso, sabe que olhar para si mesma é como assinar sua própria sentença de morte. E a Mente não quer morrer.


A “porta estreita”, portanto, é aquela que nos leva à trilha estreita e supostamente perigosa da verdade, da consciência de quem realmente somos, do autoconhecimento. É neste caminho que teremos de enfrentar “os monstros” que criamos ao longo de nossa jornada e, por consequência, aprender a controlá-los. Ao fazermos essa opção, teremos que aprender a entender nossa Mente. É lá que residem nossas limitações, desde as mais primitivas, até aquelas com que convivemos habitualmente em nosso cotidiano.


A partir do momento em que escolhemos encarar nossas imperfeições e reconhecemos nossa vulnerabilidade como espíritos humanizados, passamos por vários estágios na nossa caminhada. É um processo longo e, às vezes, doloroso, mas é assim para todo o mundo. O que ouço bastante das pessoas que escolheram esse caminho é a frase: “Parece que está piorando!”. A experiência me levou a compreender que as pessoas não estavam erradas em suas percepções. De fato — como diz a sabedoria popular — frequentemente “é preciso piorar para melhorar”. Mas por quê?


Vou recorrer a uma história bem interessante que ouvi certa feita. Um homem recebeu de seu patrão a tarefa de trazer de volta à vida um pequeno cômodo de sua fazenda, que ficava numa área isolada da propriedade. Lá não havia luz elétrica, e o lugar estava fechado há anos. A área era pouco iluminada, o que aumentaria enormemente o desafio do funcionário. A porta estava emperrada e, só para abri-la, levara mais de uma hora. O homem alimentava grande expectativa sobre o que encontraria lá dentro, o que foi frustrado pela pouca luz do ambiente.


Sua primeira providência foi abrir uma pequena janela que se encontrava na parede oposta à entrada para poder se localizar melhor. Pôde ver, então, vários móveis cobertos por espessa camada de poeira. Julgou, em princípio, que o trabalho não seria tão difícil assim, até que o um raio mais intenso do sol invadiu o lugar. Olhou para o chão e percebeu que não bastaria remover todo aquele pó. Pôs-se, dessa forma, a retirar os móveis de lá e deparou com um piso incrustado de uma sujeira tão impregnada, que seria preciso muito empenho e tempo para removê-la.


Viu a necessidade de buscar luz artificial e, no momento em que pôde contar com esse recurso, conseguiu mensurar o trabalho necessário para essa empreitada. Mas não desanimou. Limpou cada canto daquele quarto como se fosse a última tarefa de sua vida. Quando conseguiu ver o lindo piso que havia por debaixo daquela crosta de anos, sentiu-se motivado a continuar. Limpou cada móvel e reposicionou-os. Cada mudança percebida por ele lhe trazia satisfação e vontade de melhorar aquele recanto esquecido.


Quando nos dispusermos a trabalhar com todas as crenças e convicções impregnadas em nossa Mente, faremos um caminho parecido com o do nosso personagem. Você perceberá que, à medida que ilumina suas memórias e dá-lhes novas percepções, outras “sujeiras” aparecerão e, se você não desanimar, poderá mudar completamente a percepção que terá da realidade. Portanto, quando se diz que as coisas parecem estar piorando quando se decide pela “porta estreita”, não é uma inverdade. Apenas veremos que, quanto mais luz invade nossa Mente, mais fundo em nossas dificuldades mergulharemos.


Parece mais difícil do que era? Pode ser! O segredo é não esmorecer e, nesse vacilo, acabar entrando na primeira “porta larga” que encontrar, porque, pode ter certeza: elas surgirão aos montes. A boa notícia é que “todos os caminhos levam ao pai”. Alguns, porém, serão mais demorados do que outros. Temos o livre arbítrio para escolher que caminho seguir.



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Sobre o autor: 
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Coaching de vida –é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze, 
do Instituto Recomece. 
 

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