Afinal, o que é FELICIDADE?
- Márcio Schitini

- 14 de out. de 2021
- 4 min de leitura

Perguntas ousadas como essas nem costumam ser feitas. O dicionário on-line Priberam define “Felicidade” como:
1. Concurso de circunstâncias que causam ventura;
2. Estado da pessoa feliz;
3. Tendência para acontecimentos positivos ou favoráveis.
(Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, <https://dicionario.priberam.org/felicidade>. Acesso em 11-10-2021).
O que os dicionários não irão definir por razões óbvias é O QUE nos leva a esse estado, O QUE chamamos de acontecimentos positivos ou favoráveis, talvez porque a resposta seja tão pessoal (e intransferível), que não dá para formulá-la de modo definitivo. Meu desafio é repensar a ideia de FELICIDADE de um modo que a todos nós possa servir, embora eu ainda ache que muitos de vocês não encontrarão o que gostariam aqui. Calma. Já, já justifico.
Tenho trazido em meus últimos quatro artigos a ideia de que não temos controle sobre as circunstâncias que envolvem nossa vida. Aceitar isso pode ser um bálsamo para nós neste momento de grandes provações. Enfatizei também a ideia de que a única ação que podemos tomar diante desses acontecimentos é a opção por nos sentirmos bem diante do que nos é apresentado. Ou seja, buscar a tal da felicidade apesar dos obstáculos.
A grande personagem de todos os meus artigos é a nossa MENTE. É lá que residem todas essas ideias bizarras e fantasiosas da PSEUDOFELICIDIDADE. Ou “felicidade de mentirinha”, se preferirem. Nossa MENTE é formada por Partes, cujo modo de ver a vida é egoísta e imaturo. Elas não foram programadas em circunstâncias de amor, mas no medo. Medo de não agradar, de não ser bom o suficiente, de não se sentir amado ou seguro, de não expressar sua personalidade.
Em função de apresentarem carências em sua autoestima, acabam buscando nas outras pessoas ou coisas sentirem-se melhores. A consequência natural dessa busca é um vazio que nunca poderá ser preenchido e a consequente infelicidade. Mas nossas Partes não possuem recursos para saírem desse ciclo sem fim, pois não possuem a flexibilidade e os recursos para fazerem diferente. Isso justifica porque tantas vezes acabamos fracassando repetidamente (é assim que costumamos ver).
Para embasarmos nosso raciocínio, precisamos entender que nossa Mente, por conta de todo esse processo de baixa autoestima, fecha-se numa visão única, entendendo que só há um jeito de ser feliz: obter aquilo que se quer. Dessa forma, buscará essa felicidade no outro, que é a sua referência, já que ele não pode servir como parâmetro para essa busca incessante, pois não se sente bom o suficiente para sustentá-la.
Tal como uma criança birrenta, que quer ganhar aquele brinquedo a qualquer custo, ela vai lutar com todas as forças para ter aquela roupa da moda, comprar o carro do ano, ficar mais bonito e inteligente, fazendo todos os cursos possíveis, falando várias línguas e parecendo ser o mais perfeito possível. Ou, para ser aceito num grupo diverso, irá andar com roupas rasgadas, fumar, beber, usar drogas, pertencer a uma ONG etc. O denominador comum dos dois casos é a necessidade de preencher-se com a aprovação alheia.
E esse ciclo continuará realmente sendo interminável enquanto não pararmos de buscar a felicidade fora de nós. Quer dizer que não devemos desejar nada? Não podemos buscar a felicidade numa casa nova, por exemplo? É aqui que mora o diferencial. Você pode desejar o que quiser, desde que esteja pronto para entender que nem tudo será possível, já que nem tudo é importante para a nossa evolução. A ideia de aceitarmos as coisas como elas são não é conformista, é inteligente, pois é uma luta inútil. E tudo se baseia no fato de que não temos controle sobre as circunstâncias da vida, apenas sobre o que podemos sentir sobre elas.
Então, sinto muito se você acha que a felicidade é buscar a vida perfeita. Não é! É buscar a perfeição em como a vida se apresenta para nós. Já somos seres perfeitos na nossa imperfeição. Então, a dica é buscar HARMONIZAR-SE COM A VIDA. A tendência de nossa Mente é lamentar-se dos problemas. Normal para alguém cujo objetivo é buscar o prazer em tudo e, por isso, colhe frustração atrás de frustração.
Que a vida trará toda a sorte de obstáculos, isso não precisa ser discutido. É fato! A pergunta é: o que você fará com o limão que a vida vai lhe oferecer? A dica que poderia deixar: busque trabalhar sua Mente. Não deixe que ela tome conta de você. Isso significa que você viveria NO AUTOMÁTICO o tempo todo, à mercê dos “quero-queros” que o levarão fatalmente a muitas decepções. Você é o motorista do ônibus. Suas Partes se sentam nos bancos, com seus devidos cintos de segurança, e aguardam sua vez de falar.
Aprenda a viver como o OBSERVADOR dessa Mente e aprenderá a ouvir as vozes que tantas vezes o deixam mal-humorado, frustrado e cansado. Isso o ajudará a assumir o papel de aceitar o que a vida lhe propõe sem aceitar o que sua Mente lhe propõe. Desvie o foco dos seus pensamentos quando se sentir mal. Faça algo de que gosta, traga lembranças boas à sua Mente, enfim, escolha ser feliz com o que tem para hoje. E assim será!

Sobre o autor:
Professor, Neuroeducador, Master Practitioner em PNL e Coaching de vida –é fundador, junto de sua esposa, Sílvia Reze,
do Instituto Recomece.








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